agarra o agora

O velho, o cajado e a esperança

7.5.16

Agora sei, agora sei do que vou escrever, estava há horas com o blog aberto, à espera de algo que me inspirasse, mas as coisas não surgem quando tu queres, elas surgem quando tu estás preparado para recebê-las, e agora eu sei. Eu sei que hoje vivi um dos dias mais enriquecedores que alguma vez havia vivido, fiz coisas que nunca tinha feito, senti sensações que nunca tinha sentido, chorei lágrimas que nunca tinha chorado. 

Hoje vinha com uma amiga de um evento, a qual me senti quase que como em casa, onde éramos todos iguais, todos na sua essência, com a mesma visão, com as mesmas filosofias, mundos só nossos, diferentes daqueles que nos rodeiam, e que hoje já não nos afectam. Um simples gesto como ir ao supermercado, mudou tudo. 
Chego ao carro e tenho um senhor, que um dia já respirou vida, saúde, energia, carregado com um saco, um cajado e a coragem para no meio da chuva conseguir chegar a casa a pé. Olho para a minha amiga e as duas compreendemos naquele olhar que aquela alma nos pedia ajuda, aquele olhar de medo e de esperança, cravado em nós, como que a implorar que olhássemos para ele, e o ouvíssemos mesmo sem voz, e ouvimos, sim nós ouvimos. Saí do carro e amparei aquele corpo frágil, carregado com um saco pequeno mas que pesava tanto como aquele homem, ajudamos-o a entrar e soubemos naquele momento que a vida é tão simples, como dares a mão a quem te pede ajuda apenas com o olhar. 
Foi uma viagem muito curta, mas muita divertida, até deu para recordar a minha infância, afinal aquele homem conhecia toda a minha família, até sabia quem eu era, como é possível? Eu nunca tinha perdido tempo a olhar à minha volta e hoje vi que durante a minha vida, ouve alguém que olhou para mim e que hoje forçou-me a olhar, como que a dizer " eu estou aqui, olha-me."
Emocionei-me, aquele momento emocionou-me, mas foi bom, muito bom.
Hoje ajudei uma amiga a encontrar aquilo que procurava, a ouvir a sua voz interior, a escutar o seu coração. Fui com ela, onde ela já tinha sido feliz, também eu naquele momento, vivi aquela felicidade, aquela alegria, aquela inocência. Agora bem mais tranquila, sei que ela ficou muito melhor, e eu também.
Hoje sei que quando acordei, acordei com uma missão, e soube ver qual era, hoje sei que a cumpri, e todos os dias quero poder cumprir aquilo que me move, porque se conseguir colorir o dia dos que me rodeiam, um dia terei o meu próprio arco íris.
Experimenta dar a mão todos os dias a quem precisa, todos os dias dá um pouco de ti a quem te rodeia, perde tempo a olhar à tua volta, vais ver que a vida é muito mais simples do que aquilo que imaginas e muito, muito mais bonita.
Namastê.

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